26.4.12

Semitonado

Perdi o tom, meu bem. Essa canção em sol maior que a gente escreveu junto fui cantar de novo e perdi o tom. O pessoal da plateia olhou com olhos arregalados pra mim quando engasguei e desafinei exatamente no momento que cantava nossa história.
Eram muitos detalhes: a madeira do palco, as cortinas vermelhas e os sacos de areia pra segurar os cenários; as luzes, o cheiro das orquídeas enfeitando o teatro, o baseado que eu fumei antes da apresentação e o violão moreno na mala.
Na verdade, fodam-se os detalhes. Desafinei. Te perdi. Me perdi.
Não sei o que é azul, nem verde, nem quando foi minha última refeição decente. Mal lembro meu nome - Júlio? - e por vezes esqueço-me que curto escrever algumas porcarias nesses blogs da vida.
Fico pensando: "será que se eu gritar ele volta?", mas na verdade já sei que você foi embora batendo as portas na minha cara e sem dar satisfação alguma.
Vou me contentar com a infame piada que me contou sobre uma história de amor que a gente viveu e ter coragem de admitir que não deu.

Agora vou fumar um cigarro e esquecer nosso romance. Hoje acordei com aquela sensação boa de que durante o dia algo massa vai acontecer e então decidi que seria isso - se o destino não resolver intervir.
Que que há, velhinho? Há quem eu tô tentando enganar? Eu te amo pra caralho...

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